Ecce Homo
A água sabe sempre o caminho.
O medo do passado e do futuro
À esperança segue-se o medo. Nem é de admirar que assim seja: ambos caracterizam um espírito hesitante, preocupado na expectativa do futuro. A causa principal de ambos é que não nos ligamos ao momento presente antes dirigimos o nosso pensamento para um momento distante e assim é, que a capacidade de prever, o melhor bem da condição humana, se vem a transformar num mal. Os animais fogem aos perigos que vêem, mas assim que fugiram recobram a segurança. Nós tanto nos torturamos com o futuro como com o passado. Muitos dos nossos bens acabam por ser nocivos: a memória reactualiza a tortura do medo, a previsão antecipa-a; apenas com o presente ninguém pode ser infeliz.